A vida é o intervalo existente entre o nascer e o morrer.
É aquilo que ocorre entre o abrir e fechar dos olhos.
De olhos bem abertos observamos, aprendemos, absorvemos o mundo ao nosso redor.
De olhos fechados, num mísero piscar, sonhamos em frações de segundo tudo aquilo que pudermos.
Pisquem mais para lubrificar os olhos, lavar a alma, retirar a impureza do mundo e aprender a apreciar os momentos sensacionais que ocorrem entre pontos tão próximos e distintos.
Permita-se encarar o desconforto de algumas horas enclausurado para poder sentir a liberdade no rosto de um amigo ao te abraçar.
E mesmo no desconforto, aproveite a viagem e faça cada trecho percorrido em sua vida valer a pena.
Nos dias 26 e 27 de Julho de 2025 aconteceu no Museu Fama, em Itu/SP, a 2ª edição do Selfmeet, um evento completamente diferente de tudo aquilo que já foi elaborado no país.
A primeira versão do evento foi um verdadeiro sucesso entre os participantes, expositores e visitantes, atestando a qualidade de um evento bem organizado, elaborado e pensado para reunir num mesmo lugar a arte, diferentes formas de expressão, música, gastronomia, carros personalizados e pessoas interessadas em viver cultura em formas tão distintas.
Diante dessa visualização, o espaço recebeu um toque personalizado da galera da Selfmade; que deixou o ambiente ainda mais interessante para a proposta do evento: Reunir carros personalizados e pessoas com gostos em comum para admirar o que muitas vezes só eram vistos em fotografias, via redes sociais.
Foram dois dias mais que especiais e repletos de muita música bacana, carros impecáveis, um clima maravilhoso e muita, mas muita experiência legal.
Quem foi, não se arrependeu... inclusive eu.
Há cerca de dois meses atrás fui convidado pelo Renan para conhecer o evento e confesso que naquele momento me senti lisonjeado pelo convite. Há um bom tempo converso e troco ideias com o Renan e há cerca de um ano passei a contribuir com alguns textos para a Selfmade , ou seja, seria uma ótima oportunidade de sair do mundo virtual e conhecer pessoalmente uma pessoa que me deu a oportunidade de voltar a expor alguns textos e resgatar a escrita automotiva que há tempos adormeceu.
O tempo foi passando, os compromissos profissionais exigindo, as obrigações pessoais cobrando cada vez mais, contas pesando no bolso e com tudo isso, confesso, que um pouco de desmotivação para me organizar para ir ao evento.
Agradeci ao Renan, mas não confirmei minha presença.
Estava desmotivado, preocupado, agoniado com aquele tanto de coisa a ser feita, cumprida, prazos apertados, obrigações... além do quê a viagem exigiria um belo esforço logístico para dar certo.
Seriam cerca de 2.000 km rodados (ida e volta) a serem feitos tipo bate-volta, pois teria que sair de Brasília/DF no sábado de madrugada, na tentativa de chegar no evento até umas 14:00 hs do sábado, tendo que sair de Itu para voltar no domingo até umas 13:00 hs e torcendo para que não houvesse nenhum tipo de problema no caminho.
Quando comentei com alguns deles sobre meu desânimo em ir, alguns deles passaram a excomungar meu nome e proferir palavras de baixo calão, impublicáveis, na tentativa de me motivar à ir... e deu certo.
Nada como um belo xingamento para fazer seus amigos acordarem para a vida e... viverem!
Na quinta-feira (24/07) à noite comentei com minha namorada que estava afim de ir e ela me incentivou ainda mais: Se você falar "bora!" eu "boro!"
E assim nos organizamos.
No meio desta (des)organização toda, ainda comentei com o Thiago Carbritus que iríamos para o evento e mais uma enxurrada de áudios impublicáveis foi proferida.
Eu não conhecia o Renan ou o Thiago pessoalmente, mas já fazem anos que trocamos ideias e seria uma ótima oportunidade de nos apresentarmos formalmente e trocarmos ideias pessoalmente.
Na sexta-feira arrumamos as malas, deixamos as plantas regadas (sim, minha casa parece uma mini-floresta) e na madrugada de sábado, partimos sentido à Itu/SP.
Saímos de Brasília/ DF às 03:30 hs de sábado e chegamos pontualmente às 14:00 hs no Museu Fama, já após descarregar as malas no hotel.
O primeiro que (re)conheci foi o Renan, com seu moicano e aquela bigodera estilosa.
Me apresentei estendendo a mão e o que recebi foi um abraço como se nos tivéssemos visto ontem.
A felicidade e alegria de ser bem recebido, a atenção e o carinho denotados à nós quando chegamos e o alinhamento de ideias pareciam que foram construídos numa mesma escola.
Na correria do evento, o Renan e sua esposa não poderiam ficar parados e então, rapidamente nos despedimos, na promessa de podermos conversar mais no fim do evento.
Eu estava ali à passeio.
Ele, estava à trabalho.
Passeamos entre os carros, conhecemos o museu, tomamos umas cervejas, tiramos fotos, visitamos as galerias... e logo mais encontramos o Thiago, sua namorada e um casal de amigos.
Mais uma vez a magia das redes sociais se fez presente e quando nos apresentamos formalmente, um abraço de irmãos que há tempos estava aguardando foi dado.
Sorrisos largos, sensação de acolhimento, amizade, brincadeiras sem qualquer restrição e conversas leves enganaram até mesmo nossas namoradas, que pensaram que nos conhecíamos pessoalmente de outras vezes.
A verdade é que não... nunca nos vimos pessoalmente e nossa amizade foi moldada por gostos em comum, carros personalizados, histórias de vida e muita zoação.
O evento correu o dia regado à muitas fotos, comentários sobre os carros e suas personalizações, algumas boas doses de cerveja, muitas risadas e brincadeiras e alguns reconhecimentos de pessoas e projetos que fizeram parte da história deste singelo blog.
Em meio à esses reconhecimentos, o Thiago me apresentou para Fábio, dono do Voyage 16v que é, reconhecidamente, um dos mais bonitos e bem montados do Brasil.
Meus amigos... eu levei um esporro do Fábio por ter parado com a escrita para o blog, mais alguns abraços, ofensas e risadas.
À medida que o Selfmeet foi chegando ao fim do primeiro dia, a iluminação fez o evento tornar-se ainda mais especial.
O cuidado na disposição dos carros e cada detalhe compondo os ambientes, tornaram ainda mais especial a visualização de obras de arte sobre rodas e o prazer de encontrar amigos tão especiais para partilhar deste momento.
As estradas entre Brasília e São Paulo estão ótimas, mas são praticamente todas pedagiadas.
No caminho, completou 83.000 km rodados.
Que possamos efetivamente VIVER, ao invés de somente tentar (sobre)viver.
Abraços!